quinta-feira, 8 de novembro de 2012



Tento arrumar a casa,

lavo o coração e passo neurônios amarrotados,
penteio a cabeça e deixo os cabelos lisos sem fios quebradiços.
Dobro alguns sentimentos e guardo,
outros jogo fora quando a poeira não sai.
Pensei em alvejá-los mas lhes tiraria a cor...
Tenho as roupas dobradas e arrumadas uma a uma,
bem passadas e engomadas,
cores sobre cores,
tom sobre tom.
Arrumo todas no guarda roupa,
como quem arruma os pensamentos em desordem.
Aspiro e respiro como quem abre as janelas.
Vento e luz natural ajudam a espantar as sombras
escondidas nos cantos.
Já arrumei outras vezes,
sei que o brilho logo chega.
Recebo pessoas frias,
quentes, tristes, alegres, magoadas,
as que magoam, decepcionadas,
as que decepcionam, mas recebo todas...
É bom receber as pessoas com cheiro de tinta nova
e com cerquinha branca de madeira no jardim
(igual sonho de americano).
As pessoas se encantam com este renovar
e sempre voltam a freqüentar nossa casa.
Tenho um coração a lenha,
bem aconchegante para noites frias

Por Marylza Rezende